Enquanto isso, os carros observam os muros.
E qualquer um, menos informado, passará pela
rua e não notará. Os carros observam os muros.
Desfeitas todas as armadilhas, automóveis circulam,
plácidos, contidos pelas ruas das cidades. Uma
senhora, de seus sabe-se lá quantos anos, prepara
um chá, sentada na varanda da casa que resiste
entre arranha-céus. Intactos. A casa ainda
conserva a pintura, e quem observar bem poderá ver
o verde que se conserva, quase translúcido, às
emoções e intempéries do tempo. Automóveis circulam.
A mulher, até então sentada, levanta-se e percebe o
cheiro da tarde que avança. Quem dera estar entre ela
e seus pensamentos. A tarde avança, o cheiro do vento
que já vem molhado se confunde com o chá. Acompanhando
as nuvens ela ergue a xícara. Os primeiros pingos de chuva
acompanham a satisfação pela noite que chegará junto com o
fim do chá.
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