quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


“Um homem do povoado de Neguá
No litoral da Colômbia
Conseguiu subir no alto do céu,
E na volta contou:
Disse que tinha contemplado, lá de cima,
A vida humana
E disse que somos um mar de foguinhos.
O mundo é isso, revelou:
Um monte de gente,
Um mar de foguinhos
Não existem dois fogos iguais.
Cada pessoa brilha com sua luz própria, entre todas as outras
Existem fogos grandes e fogos pequenos,
E fogos de todas as cores.
Existe gente de fogo sereno, que nem fica sabendo do vento,
E existe gente de fogo louco, que enche o ar de faíscas.
Alguns fogos, fogos bobos, não iluminam, nem queimam
Mas outros...
Outros ardem a vida com tanta vontade
Que não se pode olhá-los, sem pestanejar.
E quem se aproxima se incendeia”

Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços